I. A gênese da admiração
A admiração é uma das forças afetivas mais ambivalentes que atravessam a vida a dois.
No início das relações, ela é celebrada: admirar é reconhecer no outro uma grandeza que falta em nós, um traço que desejamos tocar, um brilho que nos acende e nos comove.
Admirar é, antes de tudo, aceitar a alteridade: aceitar que o outro é mais do que projeção dos nossos desejos, é um ser em sua plenitude própria.
Mas a admiração, que pode ser fonte de eros e fascínio, carrega em seu ventre o germe da dependência — e, com ela, a possibilidade de angústia e destruição.
II. Admiração como projeção do ideal
Do ponto de vista psicanalítico, admirar é projetar sobre o outro uma parte idealizada do próprio eu: aquilo que gostaríamos de ser, aquilo que sentimos que nos falta.
Não admiramos o outro pelo que ele é, mas pelo que ele encarna — para nós — como possibilidade de transcendência.
Neste sentido, toda admiração contém uma semente de autoabandono: quanto mais o outro concentra em si o que julgamos imprescindível, mais nos esvaziamos de nós mesmos para permanecer ao seu lado.
É aqui que a linha tênue entre admiração e dependência começa a se desenhar.
III. O nascimento da dependência afetiva
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